sábado, 20 de julho de 2013

Seppir deve entregar proposta sobre cotas para negros em concursos


Seppir deve entregar proposta sobre cotas para negros em concursos
 

Agência Brasil / 19/07/2013


A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) deve entregar até o fim deste ano, à Presidência da República, uma proposta de decreto presidencial para regulamentar as cotas para negros nos concursos públicos federais, de acordo com o que prevê o Estatuto da Igualdade Racial. Após reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e 19 segmentos do movimento negro do país, a ministra da Seppir, Luiza Bairros, disse que o objetivo é buscar segurança jurídica para a medida.

“Hoje a presidenta reafirmou a posição que ela tem de que a questão das ações afirmativas, e mais especificamente a das cotas, constitui um elemento central da luta pela promoção da igualdade no Brasil”, disse a ministra. “Agora, dentro do governo, o que nós temos que buscar em relação às cotas no serviço público é toda a segurança jurídica necessária para que essa medida possa ser levada para avaliação final da presidenta.”

O frei David, diretor executivo da Educafro, organização não governamental que tem a missão de promover a inclusão da população negra e pobre nas universidades públicas e particulares, disse que a cota racial no serviço público é o reconhecimento do povo negro, que "há 513 anos [está] sofrendo, querendo inclusão". "Entendemos que a cota no serviço público é o empoderamento de um povo que, quanto mais tiver empoderamento, mais tranquilidade vamos ter e menos violência”, acrescentou.

A ministra disse que a questão da educação foi amplamente discutida no encontro. Um dos participantes da reunião foi o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que defendeu a necessidade de ações afirmativas para o acesso de negros ao ensino superior e também o compromisso com a implementação da Lei 10.639, de 2003, que torna obrigatória o ensino da cultura africana e afro-brasileira nas escolas. “Foi tratado como um elemento muito importante para que se combata o racismo e os preconceitos contra as matrizes africanas no Brasil”, relatou Luiza Bairros.


Extraído de: JB



UPE deve garantir igualdade para estudantes da rede pública no vestibular


MPPE: UPE deve garantir igualdade para estudantes da rede pública no vestibular 

Diário de Pernambuco / 19/07/2013

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) expediu uma recomendação ao reitor da Universidade de Pernambuco (UPE), Carlos Calado, para que retire dos editais de convocação a reserva de vagas destinadas aos candidatos vindos exclusivamente de escolas públicas estaduais e municipais do estado de Pernambuco. De acordo com a  promotora de Justiça Eleonora Marise Silva Rodrigues, a medida visa garantir a igualdade entre os concorrentes que realizam o vestibular, inclusive de outros estados.

Em uma das resoluções do Conselho Universitário da UPE ficou determinado que as unidades de educação que compõem o órgão devem garantir 20% das vagas para “estudantes que tenham cursado integral, exclusiva ou regularmente os anos finais do ensino fundamental e ensino médio em escolas que pertençam a rede pública estadual ou municipal de Pernambuco”. Para a promotora de Justiça, esta atitude cria um “filtro regional nos processos de seleção de vestibular. Há, inclusive, no MPPE, um inquérito civil instaurado para apurar a legalidade desta reserva”, afirma.

Conforme o documento, a justificativa dada pela instituição de ensino é de que “existem diferenças regionais no país, inclusive quanto à qualidade do ensino público”. Entretanto, para Eleonora Marise “o tratamento diferenciado adotado pela UPE não guarda compatibilidade com o conteúdo do princípio da igualdade, baseando-se em critério de discriminação arbitrário e desarrazoado, diante dos interesses constitucionalmente assegurados”.

A recomendação ainda informa que não é “justificável a ocorrência de tratamento jurídico diferenciado aos alunos oriundos das escolas públicas do Estado” em detrimento aos estudantes de outras regiões, já que todos aqueles que frequentam o sistema público de ensino enfrentam dificuldades em qualquer parte do Brasil”. Ainda de acordo com o documento, o critério estabelecido pela universidade não contribui para melhorar o sistema educacional de Pernambuco.

Segundo a promotora de Justiça, a ação afirmativa adotada pela UPE em favor dos alunos egressos das escolas públicas do Estado não serve para corrigir, reduzir ou extinguir a situação de desigualdade que se encontram os estudantes pernambucanos, diante da péssima qualidade do ensino ofertado nas nossas escolas.

Diante deste quadro, o MPPE recomendou ao reitor da UPE que exclua dos editais de convocação dos vestibulares que serão deflagrados neste e nos próximos anos a reserva de vagas para aqueles que são de escolas públicas localizadas em Pernambuco, possibilitando, assim, que candidatos das redes públicas de outros estados possam concorrer às vagas do concurso através do sistema de cotas. O responsável deverá ainda, no prazo de 15 dias, alterar a resolução e os demais instrumentos normativos existentes na instituição que tratem do mesmo assunto.

Universidade Estadual do Ceará propõe perguntas racistas em censo


Estudantes acusam Universidade Estadual do Ceará de racismo

Por Agência Estado | 17/07/2013 18:48

Instituição aplicou pesquisa com a pergunta sobre cotas: "Você concorda que a qualidade dos cursos será prejudicada com a entrada de alunos negros?"

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) é acusada de racismo pelos estudantes, ao aplicar o Censo Discente 2013. A pesquisa da Procuradoria Educacional Institucional pretendia levantar o perfil socioeconômico e cultural dos 18 mil estudantes da Uece, mas provocou a reação dos alunos em relação às perguntas sobre as cotas raciais.

Os estudantes consideraram as perguntas racistas. Uma das perguntas é: "Você concorda que a qualidade dos cursos será prejudicada com a entrada de alunos negros?"

Em resposta, a Uece diz que "as questões 26 a 33, referentes às opiniões quanto ao sistema de cotas raciais e sociais na universidade, têm o propósito de captar a compreensão dos aluno/as da Uece quanto aos argumentos que norteiam sua opinião eventualmente favorável ou desfavorável ao sistema de cotas nas universidades", descartando assim o tom racista denunciado pelos alunos através de manifestações nas mídias sociais.

A universidade destaca que "a metodologia adotada na construção desse instrumento levou em consideração a importância de expressar diferentes opiniões, mesmo que polêmicas, sobre temas que ainda não têm unanimidade na realidade brasileira, como o sistema de cotas no ensino superior, possibilitando que os aluno/as expressem os diferentes posicionamentos e argumentos. Questões dessa natureza estão presentes nos instrumentos de pesquisa de muitas universidades. Perguntas como essas, por exemplo, fazem parte da pesquisa de atenção aos alunos da Universidade Estadual de Londrina (UEL)".

Pesquisa: Ibope mostra que 62% apoiam cotas em faculdades

Assinada pelos pró-reitor de Políticas Estudantis, Antônio de Pádua Santiago de Freitas, pela coordenadora da Célula de Ação Afirmativa, Maria Zelma de Araújo Madeira, e pela pesquisadora educacional, Fátima Maria Leitão Araújo, a nota diz que "para que seja garantida uma universidade socialmente referenciada e inclusiva, o mapa das resistências e das aceitações, quanto ao sistema de cotas, sobretudo as étnicas, precisa ser feito". (sic)

"As questões, sob a forma de inventário, para resposta sim ou não, devem ser instigantes, para que as posições sejam percebidas com clareza, sem que, a priori, haja julgamento de valor. As várias posições precisam aparecer no questionário, pois assim modularemos as formas de implantação, sem perda do objetivo de construirmos uma Uece democrática e justa. A Uece acredita que todas as ideias necessitam da luz do debate", diz o comunicado. (sic)

Os estudantes da Uece se manifestaram no Facebook. Tiago Régis escreveu: "Racismo é crime!!! Isso foi racismo". Outro estudante postou: "Isso é um absurdo! A universidade deve pertencer ao povo". Um terceiro aluno da Uece comentou: "Sinceramente, é cada coisa que a gente vê e lê em pleno século 21. Mente conservadora, colonial, elitista e segregacionista". As mensagens tiveram até o meio-dia desta quarta-feira mais de 200 compartilhamentos.

A assessoria da Uece divulgou que "não ficou bem entendida a pergunta para os alunos". "Ninguém teve intenção de afetar ninguém com os questionamentos. Inclusive, uma das pessoas que elaborou a pergunta é professora doutora e negra" (sic!!!), afirmou. A professora em questão é Zelma Madeira, coordenadora de Célula de Ação Afirmativa da Uece. "Sou do movimento negro, sou negra e favorável às cotas. Estamos tranquilos com o teor da pesquisa", disse ela. "Queríamos saber os argumentos dos alunos, se são favoráveis ou não às cotas. A intenção foi a de captar as opiniões deles e entender o que os 18 mil alunos compreendem sobre o sistema", afirmou.


Fonte: ÚltimoSegundo



OBS.: os "sic" são nossos, de Memorial Lélia Gonzalez.  É trágico que usem as "ideias" de "opinião", "argumento" e "posicionamento" como se fossem sinônimos!!!  Trágico também
o clichê acadêmico de "metodologia adotada na construção desse instrumento" como se "metodologias" e "instrumentos" fossem neutros... Afff!!!  TUDO isso num lugar que chamam de universidade... Aff!!!

 

domingo, 30 de junho de 2013

USP barra projeto de cotas e cria bônus racial


USP barra projeto de cotas e cria bônus racial

28 de Junho de 2013

Plano de inclusão estabelece acréscimo de 20% na nota do vestibular a alunos da rede pública e de até 25% aos autodeclarados negros


USP cria cursinho pré-vestibular para alunos da rede pública
(Marcos Santos/USP Imagens)

A Universidade de São Paulo (USP), que sempre foi contrária à criação de critérios raciais de bonificação, aprovou um bônus de 5% no vestibular para candidatos de escolas públicas que se autodeclararem negros, pardos ou indígenas. A criação de um cursinho preparatório para alunos de escola pública também compõe o projeto de inclusão social em discussão na instituição.

A proposta, aprovada nesta quinta-feira pelo Conselho de Graduação, representa o abandono quase total do projeto de cotas proposto pelo governo paulista, batizado de Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Público Paulista (Pimesp). A criação de um curso semipresencial para parte dos cotistas — um dos pontos mais polêmicos do Pimesp — foi descartada.

De acordo com o novo texto, um aluno negro ou indígena que cursou a educação básica na rede pública poderá ter um bônus de até 25% na nota. Sem o critério racial, o bônus para a escola pública será de até 20%. Até o último processo seletivo, o acréscimo máximo era de 15%. Apesar de a proposta ser o resultado do posicionamento das 42 unidades da USP, ela ainda precisa ser aprovada no Conselho Universitário para que entre em vigor no vestibular deste ano.

O prazo para as metas de inclusão são diferentes do que o governo havia proposto. O documento elaborado pelo Conselho de Graduação diz que a USP só teria condições de alcançar 50% de alunos de escola pública em 2018, não em 2016, como previa o plano de Alckmin.

O projeto em estudo na USP não fala em cotas, apenas em metas e não prevê ações para o caso de não cumprimento dos objetivos estabelecidos.

Exclusão - A USP sempre teve um perfil elitista de alunos. Apesar de a escola pública abrigar 85% das matrículas do ensino médio, a grande maioria dos alunos da universidade saiu de escolas da rede privada, é branca e tem bom nível econômico. Entre 2012 e 2013, o porcentual de alunos de escola pública passou de 28% para 28,5%. Mas, levando em conta apenas as dez carreiras mais concorridas, só 19% dos matriculados vieram dessa rede.

Nesses dez cursos, metade dos ingressos é das classes A e B (com renda acima de 6.220 reais). E só quatro candidatos negros conseguiram se matricular.

Além do bônus, a oferta de um cursinho pré-vestibular é outra aposta da universidade para tentar modificar o perfil de seus ingressantes. O curso de reforço, para 1.000 alunos, será oferecido anualmente e terá duração de dez meses. As vagas serão destinadas a quem estudou na escola pública, prestou a Fuvest, mas não passou no vestibular.

A primeira edição, de caráter experimental, começará já a partir de agosto, com duração de cinco meses. As aulas serão ministradas por alunos de Licenciatura, sob a supervisão de estudantes de pós-graduação, na Cidade Universitária, zona oeste da capital.

Leia também:


(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 15 de junho de 2013

Frente Pró-Cotas apresenta alternativa ao Pimesp


Frente Pró-Cotas apresenta alternativa ao Pimesp
15/06/2013

Proposta reserva 55% das vagas das estaduais para negros, indígenas, deficientes e estudantes de escola pública

São Paulo – A Frente Pró-Cotas do Estado de São Paulo entregou à Assembleia Legislativa uma alternativa ao Projeto de Lei 530/2004, do Executivo, sobre o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Paulista (Pimesp). A proposta prevê reserva de 55% de vagas na USP, Unesp e Unicamp para negros, indígenas, deficientes e estudantes de escola pública.

Para o conselheiro da Uneafro Douglas Belchior, o Pimesp não é uma política de acesso à universidade. “É um programa que reúne alguns elementos que os programas de acesso que as faculdades já tem e garante um curso a distância (modelo college), que não garante sequer a presença deles na universidade. São Paulo continua ilhada nesse espaço de exclusão que se tornaram as universidades.”

Para Leando Salvático, estudante de pós-graduação e integrante do Núcleo de Consciência Negra da USP, a criação de programas de ações afirmativas é necessária para “fazer as pessoas acreditarem que é possível entrar em universidades públicas. O sistema de cotas é a proposta do movimento negro e estudantil para democratizar o acesso às universidades.”

Segundo Belchior, o movimento negro rejeita a proposta do governo do Estado de São Paulo e propõe a reformulação do texto do PL 530/2004. “Depois de duas audiências públicas na Alesp, organizamos um grupo de trabalho que formulou um novo texto, entregue no último dia 5”, diz Belchior.

Na próxima semana, a Frente Pró-Cotas se reúne para organizar uma campanha estadual pelo projeto de lei de iniciativa popular para a lei de cotas, em São Paulo, que deve arrecadar mais de 200 mil assinaturas.

Extraído de RedeBrasilAtual

Frente Pró-Cotas denuncia “Plano Institucional da USP”


Frente Pró-Cotas denuncia “Plano Institucional da USP”

14 de Junho de 2013 - 9h56

A Frente Pró-Contas de São Paulo denuncia e repudia a manobra da Reitoria da USP, que tenta de qualquer forma aprovar o que eles estão chamando de “Plano Institucional 2013-2018”, que se distingue completamente do Pimesp, provavelmente por vergonha de reconhecer o fracasso de sua proposta (de golpe) original. Abaixo, a nota na íntegra.

Nota de Repúdio ao “Plano Institucional da USP”

Diante da eminente derrota no Conselho no Universitário da USP do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior de São Paulo (Pimesp) e da recente apresentação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo de um Projeto de Lei que institui as Cotas Raciais com recorte Social nas universidade paulistas (PL das Cotas) que foi elaborado pela sociedade civil organizada, a Reitoria da USP tenta de forma desesperada aprovar um tal de “Plano Institucional 2013-2018”, que se distingue completamente do Pimesp, provavelmente por vergonha de reconhecer o fracasso de sua proposta (de golpe) original.

Esse tal "Plano Institucional da USP", além de ser mais uma tentativa da reitoria de se esquivar do debate das cotas, é problemático porque suas propostas não garantirão a inclusão de estudantes negros ou oriundos da escola pública. Quando analisamos cada uma das propostas, já percebemos o quanto elas são ineficazes:

- ampliação e aumento do bônus Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp): é um fato que o Inclusp já demonstrou ser um fracasso. Ao longo dos sete anos que vem sendo implementado, houve aumento de apenas 3% no número de estudantes oriundos de escola pública e não impactou em nada na entrada de alunos negros. Além disso, mais uma vez ocorre a vinculação do critério étnico-racial ao social, o que é um problema, dado que escamoteia o racismo e não contribui para um maior acesso da população negra à universidade. Por fim, um projeto similar ao que está sendo proposto existe na Unicamp e lá também houve poucos avanços na inclusão de estudantes negros e de escola pública.

- cursinho pré-vestibular: a criação de um cursinho pré-vestibular não é, a princípio um problema, no entanto, o recorte feito para os possíveis candidatos é excludente e prejudica os próprios candidatos. As vagas serem destinadas somente a estudantes que já concorreram ao vestibular fará com que esse estudante perca um ano em relação aos demais, problema que também foi identificado no Pimesp, em que a entrada do aluno negro ou de escola pública ocorreria dois anos depois dos candidatos que não estão estivesse dentro desse recorte. Além disso, seria bastante limitada a oferta desse cursinho. Se houver o interesse da Universidade em criar o cursinho, que ele seja aberto a todo estudante negro e/ou de escola pública que esteja no terceiro ano do ensino médio.

- embaixadores da USP e ampliação dos locais de provas: essas duas propostas parecem ser muito atrativas pelo propósito que têm de levar a USP a outros espaços. Entretanto, acreditar que o que impede os alunos de entrarem na Universidade é não conhecê-la ou não conseguir fazer a prova, é acreditar em uma mentira. É fato que a universidade está distante da sociedade, mas isso se dá pela maneira como ela é construída, pensando em atender exclusivamente a elite do país e o fato da grande maioria dos estudantes da USP serem brancos e de classe média é um reflexo disso. Para rompermos com essa característica é necessário um projeto de inclusão real, em que toda a universidade se volte para a sociedade, que é o que as cotas raciais e sociais pretendem e já demonstram que são capazes de fazer.

O tal "Plano Institucional" é um Inclusp com um percentual de "até 5%" (pode ser 0%) para negros e indígenas... proposta que nem de longe atende às demandas da sociedade por inclusão étnico-racial na Universidade, que é uma mais desiguais do país, como apontam os dados apresentados na "JUSTIFICATIVA do PL DAS COTAS”.

Vale ressaltar que a pauta "Implementação das Cotas Raciais na USP" foi inserida na pauta do Conselho Universitário de 20/09/2012 por conta de um Abaixo-Assinado elaborado pelos Representantes dos Alunos e foi deliberada nesta a criação de uma "Comissão de Discussão das Cotas Raciais na USP", o que nunca aconteceu. Porque a Comissão não foi criada e a discussão ocorrida foi sobre o Pimesp e não sobre as Cotas, como havia sido proposto e aprovado?

Nos envergonhamos com as inúmeras manobras que a atual Administração da USP tem feito para evitar que a Universidade de São Paulo se torne uma mais democrática no seu Acesso e também na sua Gestão. Isso demonstra uma tentativa desesperada de manutenção do status-quo que foi posto em xeque pelos acadêmicos que estudam "Inclusão Social" e pela sociedade brasileira, que apóia a implementação das Cotas Racias (Pesquisa IBOPE - 17/02/2013).

A vitória do Movimento pelas Cotas na USP está chegando! Pedimos a sua assinatura no Abaixo-Assinado para que o Projeto de Lei das Cotas que tramita na ALESP seja incluído na pauta de discussão e votação na próxima Reunião Ordinária do Conselho Universitário da USP, juntamente com o “Plano Institucional”.

Atenciosamente,

Frente Pró-Cotas Raciais na USP

Extraído de Vermelho

terça-feira, 11 de junho de 2013

Reserva de cotas para negros na Prefeitura de Vitória como anda

Liminar que barra reserva de cotas para negros na Prefeitura de Vitória ganha força

Treze desembargadores estão a favor da liminar; quatro se mantêm contra

Livia Francez
                                07/06/2013 17:05
                                - Atualizado em 10/06/2013 11:41

O Pleno do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) deu continuidade, na sessão desta quinta-feira (6 de junho de 2013), ao julgamento do pedido de liminar feito pelo Ministério Público do Estado (MPES) para suspender a lei municipal de Vitória que instituiu cotas para afrodescendentes nos concursos públicos da Capital. A norma estabelece reserva de 30% das vagas para negros.

O desembargador José Luiz Barreto Vivas havia pedido vista do processo na sessão do dia 27 de maio e nesta quinta-feira decidiu por acompanhar o voto do relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), Ronaldo Gonçalves de Sousa, votando pelo provimento do pedido de liminar.

O desembargador José Paulo Calmon Nogueira da Gama pediu vista do processo na sessão desta quinta. Até o momento são 13 votos pela concessão da liminar ao MPES e quatro contra.

Em sessão realizada no dia 16 de maio, o desembargador Willian Silva, que votou pelo indeferimento da liminar, utilizou a lei federal n° 12.771/12 para sustentar o voto. A norma reserva 50% das vagas em universidades e escolas técnicas para negros, pardos e índios, metade das quais destinadas aos egressos de famílias com renda mensal inferior a 1,5 salários mínimos mensais. Ele lembrou que o plano inicial era que a cota abarcasse 30% das vagas em disputa, e que este é o percentual que a lei de Vitória prevê.

“Ora, diante desse último fato, acima de tudo se vê que é precipitada qualquer decisão acerca da inconstitucionalidade do sistema de cotas implantado nos concursos públicos de Vitória, visto que se terá, em pouco tempo, discussão de aspecto nacional sobre o tema”, disse o magistrado, no voto.

Willian Silva, que é o primeiro desembargador negro do Estado, ressaltou, ainda, que a diferenciação proposta pela lei municipal não está dissonante dos interesses protegidos constitucionalmente, ao contrário, está afinada com os interesses federais e com as diretrizes da lei n° 12.288/10, o Estatuto da Igualdade Racial. “Não é demais lembrar que a preocupação com a diminuição das desigualdades é um fenômeno nacional, não se tratando, sobremaneira, de fato isolado. Há leis regulamentando o tema, já em vigor, no estado do Rio de Janeiro, no Mato Grosso do Sul, no Paraná e no Rio Grande do Sul”, lembrou o desembargador, apontando que estados em que estudos demográficos mostram prevalência branca – sendo 83,2% do Rio Grande do Sul e 70,3% no Paraná – também adotaram o sistema de cotas.

Extraído de Século Diário - Vitória - ES

As cotas na UEPG precisam continuar... afinal é Lei!

Toda pupila é branca

                                              09 de Junho de 2013
por Jocemara Marcondes Gomes
 - odontologus@hotmail.com

Em 2013, a Lei da Abolição completou 125 anos e resumida em um único parágrafo, dizia estar extinta a escravidão no Brasil. Assim, a Coroa e a Igreja com sua “missão evangelizadora” deixavam de lucrar com o comércio e mão de obra de escravos. O negro era considerado um ser inferior, uma coisa, não uma pessoa, e por isso não tinha nenhum direito. Mais de cem anos depois, discutimos o passado escravista legalizado, base do nosso sistema social e econômico e tentamos desconstruir sequelas como o racismo, a cultura da violência, a má distribuição de renda, o desrespeito à cidadania e o acesso ao ensino superior.

O Senado buscando a devida reparação aprovou o projeto que regulamenta o sistema de cotas nas universidades e prevê que até 2016 25% do total de vagas sejam destinadas a estudantes negros. Negro, pobre, deficiente ou indígena? A maioria das universidades exige que o candidato responda no ato da inscrição se vai concorrer pelo sistema universal (sem cotas) ou pelo sistema de cotas – raciais ou sociais. As vagas pelas cotas raciais são destinadas aos candidatos negros e pardos que tiverem melhor pontuação ou ainda bonificação na nota final das provas sem guardar lugares nos cursos de graduação.

As cotas sociais reservam vagas para candidatos oriundos de escola pública, população de baixa renda, deficientes, indígenas e até para filhos de policiais civis e militares, bombeiros militares e inspetores de segurança e administração penitenciária, mortos ou incapacitados em razão do serviço. A intenção é incluir no ensino superior candidatos que são prejudicados no processo seletivo por terem tido menos oportunidades de aprimorar o estudo.

Adotando as cotas desde 2006, a UEPG deverá avaliar esta benesse - a inserção de indivíduos da escola pública em condição de desempenho de qualidade nos cursos, bem como a cota para negros e sua efetiva contribuição como política de inclusão social. Há bons fundamentos dos dois lados: os que querem as cotas para negros, e os que a rejeitam, todos com bons argumentos. O sociólogo Muniz Sodré questiona - Não é a proximidade entre as diferenças o que, afinal, promove o sistema de cotas brasileiro?

Martin Luther King desejou direitos civis sem distinção e que as crianças não fossem julgadas pela cor de sua pele. Por ideologia, atestaria contra um pré-vestibular “para negros” e a favor para os pobres ou oriundos de escola pública. Mas é necessário outro olhar e descobrir que ser pobre é um problema, ser pobre e negro é um problema maior ainda. De onde eles vêm, as cotas fazem todo sentido. Os cotistas já mostraram que sua média de notas é maior e menor a média de faltas entre os que não precisaram de cotas.

O pano de fundo sempre é o combate à discriminação racial. Não é exigindo atos heroicos de cada jovem pobre e negro que a igualdade nos alcançará. A espera já se alongou por séculos e somente enfrentando o problema no ensino fundamental, médio, cotas, universidade, distribuição de renda e tributação justa, alavancaremos as políticas afirmativas da sociedade – eis a nova alforria.

Extraído de JMNews - Jornal da Manhã - Ponta Grossa - PR

2,6 mil ingressam na UFMT pelo sistema de cotas

2,6 mil ingressam na UFMT pelo sistema de cotas

10 junho 2013 10:41

Nos últimos dois anos, 2.600 estudantes de escolas ingressaram na Universidade Federal de Mato Grosso(UFMT) pelo sistema de cota, ou seja, reserva de 50% das vagas.

Na tentativa de fazer com que esses universitários prossigam nos estudos até a conclusão dos cursos, o governo Federal, por meios das faculdades, oferecem bolsas permanência e outros mecanismos de apoio.

Em Mato Grosso, conforme dados Pró-reitoria de Assistência Estudantil da UFMT, são 1.500 bolsas permanência no valor de R$ 400,00, 1.500 auxílios permanência (R$100,00) e 110 auxílios moradia de R$ 400.

Além disso, explica a pró-reitora, professora Myrian Serra, são disponibilizadas 125 vagas de moradia estudantil nos campus de Cuiabá Rondonópolis, 100 e 25, respectivamente.

Além dos programas de permanência socioeconômica, a UFMT disponibiliza programas de apoio acadêmico, como tutoria, apoio inclusão e monitoria.

Cerca de 1.500 bolsistas, estudantes de graduação atuam no apoio acadêmico aos demais estudantes da universidade.

Tanto bolsas, auxílios e moradia são para estudantes carentes cotistas e que já frequentavam a faculdade antes da regulamentação federal das cotas, o que ocorreu ano passado.

O Enem é a única forma de ingresso na Universidade Federal de Mato Grosso, a mais concorrida do Estado. (AA)


Programas aumentam número de índios em universidades de SC

Programas aumentam número de índios em universidades de SC

10/06/2013 22h15 - Atualizado em 11/06/2013 15h14
Géssica Valentini Do G1 SC

Na UFSC, sistema prevê atualmente 10 vagas, que serão ampliadas.
Em instituições particulares, bolsas e financiamentos são alternativas.


O programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) prevê cotas para índios desde 2008. Até o ano passado, nove vagas eram disponibilizadas, com um limite de duas vagas por curso. Uma reformulação ampliou o número de vagas, desde que haja candidatos aprovados. Conforme a UFSC, o total será ampliado gradativamente, enquanto o limite por curso subiu para 3 vagas. São 10 vagas em 2013, 13 em 2014, 16 em 2015, 19 em 2016 e 22 em 2017.

De acordo com o presidente da Comissão de Acompanhamento das Ações Afirmativas da UFSC, Marcelo Tragtenberg, a alteração ocorreu porque nos últimos anos houve um aumento gradativo no número de indígenas prestando vestibular. Ele comemorou as novas regras e a continuidade do Programa.

"A nova lei estabelece, no âmbito da UFSC, que cada curso deve reservar uma vaga para autodeclarados indígenas de escola pública. O Estatuto do Índio estabelece que os índios são aqueles que são reconhecidos pelo seu povo e se reconhecem como daquele povo. Esse critério pode ser utilizado para evitar fraudes, mas somente após a matrícula, via processo administrativo. Estamos iniciando esse processo de integração", explica Tragtenberg.

Um estudo do Núcleo de Estudos dos Povos Indígenas da UFSC, sobre os alunos indígenas que ingressam na instituição com as vagas suplementares, mostra que entre 2008 e 2011 foram nove classificados, sendo que apenas quatro ainda estavam matriculados no ano passado, entre eles a estudante de medicina Fernanda Peretti Corrêa, que ingressou em 2010, e a aluna de direito Lucimara Patté, que iniciou a graduação em 2012.

Fernanda foi a primeira estudante a ingressar no curso de medicina da UFSC através das cotas. Para permanecer na universidade, ela conta que recebe uma bolsa permanência, no valor de R$ 490, além de uma bolsa da Fundação Nacional do Índio (Funai), de R$ 300, e um auxílio moradia de R$ 200. Mãe de dois filhos, de 11 e 3 anos, ela diz que, apesar de importante, ainda precisa da ajuda dos pais e da avó paterna das crianças. “Se não tivesse esse auxílio, não conseguiria estudar”, afirma ela.

Como Fernanda, outros estudantes também apontam o valor da bolsa como baixo e até mesmo motivo desistência, como mostra o estudo do Núcleo de Estudos dos Povos Indígenas. Além disso, o trabalho mostra que a divulgação do vestibular não chega às aldeias, há uma burocracia para se conseguir a isenção da taxa e a própria entrevista. Ainda assim, estudantes como Fernanda e Lucimara continuam no curso e comemoram a oportunidade.

Estudantes indígenas matriculados no país
Educação infantil                                    22 mil
Ensino fundamenta                              175 mil
Ensino médio                                         27 mil
Educação de Jovens e Adultos             22 mil
Ensino superior                                       9 mil
Fonte: Censo Escolar 2010/MEC


Indígenas em instituições particulares

Segundo o Censo Escolar de 2010, do Ministério da Educação, em todo o país há pelo menos 9 mil índios em cursos superiores. Na UFSC, além dos cotistas, há o curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, específico para descendentes das etnias kaingags, xoklengs e guaranis, que ingressaram através de um processo seletivo diferenciado. Conforme a professora Maria Dorothea Post Darella, 120 alunos iniciaram a graduação, em 2011, e 95 continuam matriculados.

Conforme a agente indigenista Luciana Porta, da Fundação Nacional do Índio (Funai), a entidade não possui um registro do número de índios em outras universidades do estado, mas garante que o número ultrapassa dezenas e a maioria está matriculada em instituições particulares. Apesar disso, apenas alunos de universidades públicas recebem uma bolsa da Funai, no valor de R$ 300. Ainda conforme Luciana, até mesmo este auxílio no próximo semestre será repassado pelo Ministério da Educação (MEC).

"A Funai costumava destinar uma ajuda a todos, mas nos últimos anos o número de estudantes cresceu muito, até que não foi possível mais. Somente neste semestre, temos 16 pedidos de auxílio de estudantes na região de Ibirama, mas há dezenas de estudantes somente nesta região", disse ela.

Nesse caso, conforme Luciana, os alunos dependem das oportunidades de cada universidade, como bolsas do governo federal, estadual ou da própria instituição, além de financiamentos estudantis, que também considera responsáveis pelo aumento no número de indígenas em cursos superiores.

Seja em universidades públicas ou particulares, apesar da dificuldade em concluir o curso, a agente indigenista comemora a existência dos programas e o interesse pela educação superior. "Além de melhorar a autoestima, há uma integração deles na universidade. É muito importante ocuparem esse espaço universitário, que é universal, para conquistarem reconhecimento como cidadãos. Acredito que essas oportunidades são necessárias para isso”, conclui ela.

Extraído de G1

Mudem-se as cotas da UEPG

Mudem-se as cotas da UEPG


por Angelo Luiz De Col Defino
angelo.defino@bol.com.br

                                            11 de Junho de 2013


O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou sobre as cotas raciais em universidades públicas, considerando-as constitucionais. O Senado Federal aprovou lei que obriga as universidades federais a reservarem 50% das vagas para alunos que tenham cursado todo o ensino médio (antigo “segundo grau”) em escolas públicas.

Em Ponta Grossa, após sete anos do surgimento das cotas dentro da UEPG, uma discussão importante sobre elas foi deflagrada na última semana.

O debate é importante para reflexão sobre a permanência ou não das atuais regras que regem os concursos na nossa Universidade. E acontece em um período de discussão nacional sobre o tema, com grandes polêmicas. Estudos da Universidade Federal Fluminense, publicados no jornal Folha de São Paulo do último 28 de abril, dão conta que, diferentemente de 2005, quando os recém beneficiados cotistas apresentavam médias de notas durante o curso universitário equivalentes aos demais candidatos selecionados pelo método tradicional, agora aparece uma média de 10% a menos de pontos em suas notas durante os cursos pesquisados.

É óbvio que antes de ser favorável a qualquer tipo de cota somos favoráveis a uma escola de qualidade que coloque o aluno do ensino público em pé de igualdade para disputar uma vaga com qualquer aluno vindo do ensino particular.

As cotas chegaram com este estigma de paliativo. O problema é que se passou quase uma década e o ensino público não evoluiu como deveria. E as cotas não só se perpetuam como avançam sobre as demais vagas.

Sou a favor da cota para alunos de escolas públicas como está no projeto do Senado. Apenas para aqueles que comprovem que realmente não podem pagar pelo ensino particular. Como já é feito na Universidade Estadual de Maringá. Pois é interessante, que a cada divulgação dos resultados dos vestibulares da UEPG vemos os nomes de alguns cotistas de escolas públicas dos cursos mais concorridos sendo divulgados como alunos de Cursinhos Pré vestibulares, ou seja, estavam frequentando paralelamente o ensino particular. Mas não era para privilegiar os menos favorecidos?

Trabalhei de 2002 a 2009 em uma mesma Unidade de Saúde de Ponta Grossa. Vi toda uma população melhorar de vida nos últimos anos. E uma das primeiras atitudes das mães, quando começou a sobrar salário no final do mês, era colocar seus filhos em uma escola particular ou pedir uma bolsa nessas escolas, pensando que seria melhor para eles poderem entrar na Universidade. E pagavam com sacrifício. O que dizer para elas quando chega o vestibular e seu filho teria uma concorrência menor se elas não tivessem se sacrificado tanto?

Extraído de JMNews - Jornal da Manhã - Ponta Grossa - PR


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cotistas da UnB provam mérito e põem abaixo mitos de críticos

Cotistas da UnB provam mérito e põem abaixo mitos de críticos

9 de Junho de 2013 - 15h56

"A função das cotas raciais é deixar de existir assim que a discriminação reduzir ou acabar. O papel da sociedade é trabalhar para que isso aconteça o mais rápido possível", afirma Natália Machado, antropóloga, aluna cotista.

Por Ana Pompeu*, no Correio Braziliense

Não fossem as cotas raciais, a Universidade de Brasília (UnB) teria 71,5% menos negros no quadro de estudantes na última década. Quem esteve no seminário “10 Anos de Cotas na UnB: memória e reflexão” considera o número representativo. Para eles, é a prova de que a política afirmativa da instituição deu certo e vem incluindo uma parcela discriminada e excluída do ensino superior.


Além disso, os bons resultados apresentados pelos cotistas põem abaixo alguns mitos levantados pelos críticos da ação. Entre eles, havia questionamentos sobre a queda do nível da universidade com o ingresso de estudantes por meio de cotas. O tempo provou, no entanto, que o desempenho deles, comparado ao do sistema universal, não teve diferença significativa. Em 2009, chegou a ser superior. A média do índice de rendimento acadêmico (IRA) ficou em 3,1 para os cotistas, enquanto os demais estudantes alcançaram 2,9.

A partir deste mês, a instituição aprofunda o trabalho de avaliação dos resultados para decidir sobre a continuidade do sistema. Em 6 de junho de 2003, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou a reserva de vagas na UnB.

O plano estipulou 10 anos para a duração da política. Como a primeira turma com alunos cotistas ingressou no segundo semestre de 2004, o prazo vence no fim do primeiro semestre do próximo ano. Portanto, chegou a hora de a universidade pensar sobre a manutenção da reserva de vagas. Uma comissão nomeada pelo reitor deve começar a se reunir para estudar propostas sobre o tema. Possíveis mudanças vão vigorar a partir do segundo processo seletivo de 2014.

*Ana Pompeu é jornalista do jornal diário de Brasília, Correio Braziliense

Extraído de Vermelho


sábado, 16 de março de 2013

SP - ALESP audiência sobre cotas raciais

Movimentos sociais protagonizam audiência sobre cotas raciais

Pelo menos 400 pessoas estiveram reunidas na audiência pública que sacudiu a Assembleia Legislativa de São Paulo, no final da tarde de quarta-feira (13), que seguiu noite adentro. Na pauta, as cotas raciais nas universidades públicas paulistas. Estudantes, negros e brancos, além dos movimentos pró-cotas, foram os grandes protagonistas do debate, levando o recado aos deputados: “queremos debater e construir uma política inclusiva de cotas.”


Por Deborah Moreira - Da Redação do Vermelho
14 de Março de 2013 - 16h12

Os movimentos negro e estudantil deixaram claro que não passará desapercebido o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), proposto de forma unilateral pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), impondo barreiras para a implementação da lei de cotas raciais nas universidades do estado. Além de debater, os movimentos querem dar sua contribuição para a democratização da universidade.

Inicialmente marcado para acontecer no auditório Franco Montoro, o debate foi transferido a pedido da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), presidenta da Comissão de Educação e Cultura, que realizou a audiência em conjunto com a bancada do PT. A presidenta da sessão solicitou um plenário maior devido a grande quantidade de presentes, o que acabou atrasando em meia hora o evento. Mesmo após quatro horas, a maioria permaneceu até o final, após as diversas intervenções de representantes do Conselho de Reitores das

A deputada comunista Leci Brandão até tentou conter os ânimos, mas a todo instante os estudantes faziam intervenções, entoavam palavras de ordem, levantavam cartazes, imprimindo na audiência a rebeldia necessária e na medida em que, ao final, foi saudada e reconhecida por Leci.

Em um desses momentos protagonizados pelos universitários presentes, eles cantaram o verso bastante simbólico do poeta baiano, José Limeira, em Negro homem, negra poesia, quando foi apontado na plateia o professor e cientista social da Universidade de São Paulo (USP), Kabengele Munanga: “Por menos que conte a história. Não te esqueço meu povo. Se Palmares não vive mais. Faremos Palmares de novo”.

O presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, presente na audiência, ressaltou ao Vermelho o significado da audiência pública: "Para nós a audiência é bastante relevante para primeiro mobilizar a Casa, os parlamentares para esse debate da cota. A Casa está muito distante disso. O governo Alckmin apresentou uma proposta, para o colegiado, mas como aqui é o espaço de representação do povo paulista, os deputados estaduais precisam entrar nesse debate. A gente tem percebido que em outros estados os parlamentos estaduais foram sujeitos bastante ativos no debate das cotas [raciais], assim foi quando ocorreu a discussão em nível federal, e assim precisa ser aqui em São Paulo. Temos um mandato bastante conservador no estado de São Paulo e a Casa está conservadora, a maioria da base do governo tem silenciado pontos importantes para os paulistas".

Edson e outras lideranças dos movimentos presentes defenderam o aproveitamento dos projetos de lei que já foram aprovados, discutidos e que traduzem a luta pela implementação das cotas raciais existente há mais de 10 anos.

“Viemos denunciar o caráter retrógrado, conservador e discriminatório dessa proposta do governo Alckmin e que desconsidera os 10 anos de cotas no Brasil. Não estamos iniciando uma discussão. O Brasil já tem uma discussão acumulada, tem resultados, tem avaliações apresentadas para o público e não se pode ignorar esse conhecimento coletivo do país. Não queremos categorias diferenciadas de cotistas. Queremos para São Paulo os mesmos direitos que os estudantes de outros estados têm”, destacou ele.

Por fim, Edson França também observou que a presença maciça de estudantes e militantes no plenário representa a força e o protagonismo que os movimentos têm nessa pauta: “É importante unificar de maneira coletiva uma proposta. Não só não queremos o Pimesp porque é uma proposta segregacionista, como queremos um modelo que já tenha sido proposto aqui na Casa, como o PL 530, assinado por 28 deputados, que atende o interesse da população pobre e negra do estado, que tem lutado pelas cotas”, completou o presidente da Unegro, em plenário.

Outros dois importantes representantes do movimento negro que estavam presentes, também  foram convidados a falar na audiência, em nome do movimento negro e entidades integrantes da Frente Pró-Cotas do Estado de São Paulo. Douglas Belchior, da Uneafro e o professor Silvio Almeida, do Instituto Luiz Gama.

“Depois da medida truculenta do governo de tentar impor um programa e apresentá-lo à sociedade em dezembro, sem dialogar com a sociedade, os movimentos se organizaram e reagiram com um grande manifesto bastante representativo. Nós estamos vencendo esse debate, a cada dia novos professores, setores da sociedade se colocam contra esse programa, esse projeto autoritário do Alckmin e do PSDB, bem como das reitorias. Hoje temos a oportunidade de iniciar um debate olho no olho, cara a cara com os reitores”, desabafou Douglas Belchior em entrevista ao Vermelho, pouco antes de subir ao plenário. “É um debate positivo, propositivo. Saímos daqui maiores do que quando chegamos”, concluiu.

De acordo com os representantes das organizações presentes, as mesmas não foram consultadas, nem mesmo a comunidade acadêmica das universidades paulistas estaduais, o que teria “atropelado os processos internos nas universidades de debate e diálogo”.

Qual o mérito do Pimesp?

Silvio Arruda esmiuçou, em sua fala durante a audiência, que o Pimesp traz três tipos de problemas: de ordem política, tendo em vista que está sendo imposto e não debatido, construído coletivamente; de ordem técnica, já que a construção do projeto em si, pouco se sabe sobre como foi feita e por quem foi construído, quais especialistas assinam o projeto; o terceiro, de ordem jurídica, que impede o acolhimento desse programa como um programa universal a ser implementado na universidade.

“Se o programa é de inclusão por mérito, qual o mérito das pessoas que construíram esse projeto? Não estou dizendo que não tenha, mas eu quero saber, quero ser informado para que eu possa discuti-lo com essas pessoas, já que o critério é de meritocracia para ocupar o espaço de poder”, exclamou Silvio Almeida sendo bastante aplaudido.

College

Silvio Almeida fez questão de explicar o que é o college, uma espécie de sala de espera para estudantes de baixa renda e negros.

“Por fim, sobre as questões de ordem jurídica, esse projeto cria um grupo chamado college, onde estariam os alunos por um ano ou dois anos, em uma etapa intermediária para poderem ingressar na universidade, fazendo um curso técnico. Agora, eu não sei quem foi que concebeu essa ideia do college, será que é eficiente? Não há dados sobre isso. Mas parece uma proposta segregacionista, porque é uma proposta da Univesp, de ensino à distância, e, portanto, será negado a esses alunos a convivência universitária. E quem olhar a grade curricular desse curso verá coisas do tipo ‘empreendedorismo’, ‘liderança’, ‘organização do trabalho’. Agora, quem conseguir chegar ao final de dois anos do curso, vai se formar no quê? Em organização do tempo? Ou liderança, empreendedorismo? Vai trabalhar aonde?”, indignou-se Silvio, que também é professor de direito e metodologia científica.

“Há dados distorcidos sem citação de fontes. Falando como professor, se um aluno meu apresenta um projeto com dados sem comprovação eu reprovo”, concluiu o representante do movimento negro sob muitas palmas.

“É necessário a nova abolição, pra trazer de volta a minha liberdade”

Por volta das 20h30, depois de muitos representantes dos movimentos e das reitorias falarem, a deputada Leci Brandão quebrou o protocolo, deixando temporariamente a presidência da mesa – entregando-a ao deputado Adriano Diogo (PT) – para dar seu próprio testemunho sobre a questão racial.

Citando os versos do sambista Cartola, a canção Autonomia, Leci falou de sua importância, referindo-se à autonomia universitária, mas enfatizando que é preciso valorizá-la.

“Ai! se eu tivesse autonomia
Se eu pudesse gritaria
Não vou, não quero
Escravizaram assim um pobre coração
É necessário a nova abolição
Pra trazer de volta a minha liberdade”

“Cartola disse isso. E eu estou dizendo o seguinte: se eu tivesse autonomia, se eu pudesse eu gritaria que todas as pessoas têm direito ao acesso, à inclusão, independentemente da cor da pele, da religião, da opção sexual. Todas as pessoas, absolutamente todas as pessoas, têm direito à educação”, parafraseou a compositora e cantora.

Bastante emocionada, Leci, que é a segunda mulher negra a assumir um mandato de deputado, ao longo de toda a história da Alesp, lembrou do sofrimento daqueles que chegaram ao país a bordo dos navios negreiros: “Sabe o que acontece quando você favorece algumas pessoas, e desfavorece outras? Isso se chama discriminação. Eu acho que mérito, louvor, sabe o que é mérito? O seio das escravas negras que alimentaram a elite branca. Sabe o que é mérito? São os negros que foram para a Guerra do Paraguai e morreram. Sabe o que é mérito? São as mulheres e homens que foram torturados e dizimados e por isso temos a Comissão da Verdade aqui, hoje”.

Mais uma vez parafraseando Cartola, ela encerrou seu discurso: “Isso é mérito e autonomia. Se eu pudesse gritaria, não vou, não quero, eu não quero as cotas das cadeias, as cotas do analfabetismo, se eu pudesse eu gritaria: eu quero as cotas da educação para todas as pessoas”.

Antes de voltar à presidência, Leci lembrou sua trajetória, de momentos que foi chamada de “enxerida, que já teve na lista de subversiva, que já foi chamada de radical, encrenqueira, barraqueira” por já ter apontado para a importância das cotas. “Porque essa palavra que todo mundo disse aqui hoje, cotas, eu já falo há mais de 25 anos nos palcos”, declarou a deputada comunista.

Leci Brandão expressou sua alegria e satisfação em ver tantas pessoas reunidas, afirmando que já havia agradecido muito aos seus orixás, além de agradecer ao presidente Lula pela criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2003, tornando-se a primeira secretaria com status de ministério. “O presidente Lula criou essa secretaria por conta do movimento negro. O movimento negro já vem fazendo a luta das cotas”, frisou a parlamentar, dando um recado aos reitores presentes.

“Mas porque que eu estou feliz? Eu to feliz porque estou vendo aqui nessa plateia a diversidade: temos negros, brancos, morenos, loiros. Está todo mundo aqui como cidadãos brasileiros. Mas estou mais contente porque estou vendo cidadãos jovens, porque tem muita gente que gosta de falar mal de jovens, que jovem é maluco. Mas não é isso não. Pode pensar o que for, pode beber o que for, pode fumar o que for, mas [o jovem] pensa, pensa e está aqui”, destacou Leci Brandão, sendo bastante aplaudida.

No final da audiência, a presidenta da Mesa determinou, acatando sugestões dos movimentos presentes, que seja formada uma comissão para dialogar com todos os parlamentares com a finalidade de "fazer um projeto único, atualizado, com a participação de todos", tendo em vista que existe "um aglomerado de boas ideias”.

Presenças e ausência

A grande ausência sentida foi a do reitor da USP João Grandino Rodas, que enviou a professora pró-reitora Telma Zorn. Esta, por sua vez, tentou deixar o auditório sem que fosse percebida. O deputado Alencar Santana (PT), interrompeu a fala de uma estudante para chamar a atenção da pró-reitora.

"Professora, não sei se a senhora está indo embora ou não. Está? Bom, só queria fazer uma indagação que vossa excelência está numa audiência, aqui nesta casa, o reitor não veio, mas peço que respeite os estudantes que aqui estão". Sob um coro que gritava "fica, fica, fica", Telma Zorn retornou ao seu lugar.

Também não compareceu o reitor da Universidade de Campinas (Unicamp), Fernando Ferreira Costa, que mandou como representante o professor João Frederico.

Estiveram presentes e deram início aos debates o reitor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Júlio Cesar Durigan, e o coordenador da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Carlos Vogt.

Fonte: Vermelho

Unesp confirma adoção do programa de cotas do governo de SP

Sob protestos, Unesp confirma adoção do programa de cotas do governo de SP

Reitor da universidade anunciou posição favorável à adoção ao Pimesp em audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo


Manifestantes protestam contra a política de cotas em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo Foto: Alesp / Divulgação

Daniel Fernandes Direto de São Paulo
13 de Março de 2013 - 22h20

O reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Julio Cesar Durigan, confirmou nesta quarta-feira, em audiência marcada pela presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputada Leci Brandão (PCdoB), que a universidade é favorável à adoção do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior (Pimesp), proposto pelo governo do Estado no final do ano passado.

"A Unesp tem interesse em fazer a inclusão. (..) Iremos fazer isso nos próximos três anos. Essa é uma decisão da nossa universidade", disse Durigan. Embora a proposta de destinar 50% das vagas para negros e alunos de escolas públicas, gradualmente a partir de 2014, tenha partido do governador Geraldo Alckmin em parceria com os reitores, cada instituição tem liberdade de decidir se vai ou não adotar as cotas.

Ao contrário da Unesp, os reitores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Campinas (Unicamp), João Grandino Rodas e Fernando Ferreira Costa, respectivamente, não compareceram à audiência, o que motivou protestos no auditório da Assembleia Legislativa. Eles haviam sido convidados pela comissão, e agora podem ser convocados a comparecer para discutir o tema com os deputados. Representando a USP, compareceu a pró-reitora de graduação, Telma Zorn, e pela Unicamp, o pró-reitor de extensão, João Frederico C. A. Meyer.

Em meio a fortes protestos de movimentos estudantis e sociais, principalmente de grupos de defesa dos direitos dos negros, os representantes das universidades apresentaram a situação da discussão do programa em suas instituições. Além da Unesp, que já manifestou intenção de aderir ao programa, a representante da USP afirmou que a universidade encaminhou às suas 42 unidades a proposta no dia 28 de janeiro, e o prazo para resposta é de 60 dias. O discurso de Telma Zorn terminou com fortes protestos dos presentes no auditório.

Também por conta dos protestos, o representante da Unicamp interrompeu sua fala e não divulgou maiores detalhes sobre a implementação do programa na universidade.

Críticas

Além dos representantes das universidades, estiveram no evento os deputados Alencar Santana, Adriano Diogo, Telma de Souza, Luiz Cláudio Marcolino e Marco Aurélio, todos do PT, Carlos Giannazi (Psol), Samuel Moreira e Roberto Engler, ambos do PSDB, Beto Trícoli (PV) e o coordenador da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Carlos Vogt e representantes de movimentos estudantis e sociais.

Em suas falas, tanto os políticos como os representantes dos movimentos foram em sua maioria contrários à adoção do Pimesp. Segundo o presidente do Instituto Luiz Gama, o advogado Silvio Luiz de Almeida, o programa contraria as políticas de afirmação da população negra através de cotas aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2012. Para ele, a proposta não representa as demandas e o desejo da população e dos movimentos sociais.

"O Pimesp atropelou todas as discussões, tendo nascido da cabeça dos reitores, o que não significa que nasceu nas universidades", afirmou o advogado. "Universidade é comunidade acadêmica", completou.

Segundo Douglas Belquior, professor de História e Sociologia e membro da UneAfro, São Paulo deveria ter um programa de cotas semelhante ao do governo federal, que reserva 50% das vagas em universidades federais para alunos egressos do ensino público, com uma reserva dentro desse fatia proporcional ao número de negros, pardos e índios em cada estado do País.

De acordo com ele, o governo de São Paulo não acata as decisões do STF e do governo federal de incluir essa população no ensino superior público, e busca maneiras de driblar a obrigação, como com a proposta do Pimesp. "São Paulo não participa da vida política do País.É uma ilha de exclusão, uma ilha de racismo", disse.

Um dos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, Pedro Serrano, quetsionou a ausência dos reitores da Unicam e da universidade onde estuda, e acusou o projeto de ter teor político.

Segundo ele, o Pimesp representa uma ante-sala aos estudantes de escolas públicas e negros, que passariam a ter uma etapa adicional em seu ingresso à universidade, ao invés de ter garantida a entrada como na proposta do governo federal. Para Serrano, o modelo forma apenas mão de obra para o mercado, e não garante acesso desse público às instituições.

Saída causa desconforto

O líder do PT na Assembleia, o deputado Alencar Santana Braga, interrompeu a sessão e pediu a palavra para questionar a representante da USP que deixava a audiência. "O reitor já não veio, peço para que a senhora permaneça", afirmou o deputado a Telma Zorn, que foi vaiada por parte dos presentes e permaneceu no local. Posteriormente, ela deixou a mesa da comissão, e foi alvo de críticas de Alencar.

"Isso é uma falta de respeito com os movimentos aqui presentes", disse o petista. "Não adianta dizer que foi tomar um cafézinho", ironizou.

Cotas em São Paulo



Fonte: Terra

Índios de reserva de vagas se formam na UFSCar

Dois índios do programa de reserva de vagas se formam na UFSCar

Eles são os primeiros a se formar desde a criação do projeto em 2008.
Formandos falaram sobre a importância da conquista para os indígenas.

Do G1 São Carlos e Araraquara
13/03/2013 21h59

Dois indígenas se formaram, nesta quarta-feira (13), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Eles são os primeiros índios graduados dentro do programa de reserva de vagas que teve início em 2008.

Edinaldo Xukuru do Orubá saiu de Pernambuco para cursar psicologia e, antes mesmo de se formar, foi convidado a participar do Conselho Estadual. “Tem um grupo que discute a aproximação da psicologia com as questões indígenas. A partir daí pensar numa aproximação responsável e que mais uma vez não cause danos às comunidades indígenas”, disse.

Segundo ele, a formatura é uma grande conquista dos povos indígenas. “Nós temos poucos indígenas formados no ensino superior e existe uma grande demanda de profissionais nas comunidades”, explicou.

Agenor Custódio Terena, que é do Mato Grosso do Sul, é o primeiro indígena do país a se formar no curso de Imagem e Som. Ele pretende agora contar a história da aldeia de onde veio com um documentário. “Tenho a história escrita, mas esse audiovisual ainda não tem. Isso pode ajudar a divulgar a cultura do meu povo. Eu também quero fazer pós-graduação, me aprimorar mais antes de voltar para lá”, disse.

Em cada um dos 58 cursos oferecidos na UFSCar, uma vaga é para indígenas.  Hoje, são 80 indígenas estudando nos três campi. “É a concretização de uma política que se estabeleceu na comunidade universitária, em benefício da presença da população brasileira e sua diversidade na universidade e na produção de conhecimento”, afirmou a coordenadora de ações afirmativas, Roseli Rodrigues de Mello.

A conquista dos indígenas é uma inspiração para os outros que ainda estão em busca do diploma. “A gente se inspira mais ainda, vendo eles se formando, vendo que eles foram capazes de se formar, a gente também é capaz de chegar lá também”, afirmou o estudante Marconde de Sousa.

Fonte G1

Política de cotas de São Paulo segrega alunos

Para ministro da Educação, política de cotas de São Paulo segrega alunos

Aloizio Mercadante critica modelo defendido por Geraldo Alckmin, afirmando que contraria ideia de que universidade deve servir à integração social, e não à exclusão

Por: Raimundo Oliveira, da Rede Brasil Atual
Publicado em 11/03/2013, 19:52

São Paulo – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse hoje (11) que a política de cotas apresentada pelo governo de São Paulo mantém os estudantes de escolas públicas apartados do convívio universitário, criando exclusão no local em que deveria ocorrer a integração social. “É uma política de cotas que mantém o aluno segregado. Se é assim, o governador deveria adotar esse sistema para todos os alunos que quisessem ingressar na universidade”, disse, durante conversa com jornalistas após audiência pública na Assembleia Legislativa paulista.

Para Mercadante, não se pode dizer que a proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) funcione como alternativa à política de cotas do governo federal, como argumenta a gestão tucana. “Esse sistema de college é usado em vários países, mas de maneira diferente. Aqui os alunos não têm garantia se vão conseguir o diploma ou o certificado no final do curso, nem se a carga horária do curso será abatida como crédito depois que ingressarem na universidade”, afirmou.

Baseado no college, o ensino superior dos Estados Unidos, o programa de cotas do governo estadual também é criticado por movimentos de promoção da igualdade racial. Os selecionados terão de fazer um curso semipresencial de dois anos. Para ter acesso às universidades, será necessário completar o segundo ano, com, no mínimo, média sete. No entanto, ao final do primeiro ano de curso, os que obtiverem desempenho acima de 70% já terão vagas garantidas nas Faculdades de Tecnologia (Fatecs). A distribuição dos outros 60% das vagas por cotas será definida a critério de cada universidade.

Para Mercadante, outro defeito da proposta de Alckmin é que não há a garantia de continuidade em caso de mudança de governo, já que não se trata de um projeto de lei, mas de uma decisão tomada internamente, e sem que fossem ouvidos deputados e representantes da sociedade civil. O ministro da Educação apresentou como contrário a política do governo federal, implementada desde 2003 e que, a partir do ano passado, foi reforçada pela aprovação de um projeto de lei que prevê que negros e indígenas tenham direito a 50% das vagas até 2020.

“Atualmente, nas universidades federais, 12,5% dos alunos são cotistas. O desempenho dos melhores alunos cotistas é igual ao dos alunos não cotistas.” Para se preparar para a realidade futura, disse Mercadante, o governo federal está criando planos que viabilizem do ponto de vista financeiro a permanência de alunos pobres, com oferecimento de transporte e moradia, e que garantam um processo de aprendizado para aqueles que cheguem ao ensino superior em estágio inferior aos demais estudantes.


Pesquisa derruba mito sobre cotas

Pesquisa da UFABC derruba mito sobre cotas

Natália Fernandjes - Do Diário do Grande ABC

10/03/2013 07:30:00

O desempenho acadêmico de estudantes da UFABC (Universidade Federal do ABC) ao longo dos anos indica que o sistema de cotas - que reserva 50% das vagas para estudantes oriundos de escolas públicas - não interferiu negativamente na qualidade do Ensino Superior público.

Apesar de os cotistas apresentarem mais dificuldades no aprendizado, principalmente nos primeiros anos da graduação, levantamento realizado em 2011 mostra que o êxito médio de todos os discentes, mensurado pelo CR (Coeficiente de Rendimento) que varia de zero a cinco, é considerado satisfatório. De acordo com a pesquisa institucional, os 4.855 estudantes entrevistados têm desempenho médio de 2,06. Na universidade (para que os alunos tenham acesso a bolsas de incentivo) é preciso obter CR a partir de 2.

Quando avaliadas separadamente, no entanto, as notas dos dois grupos mostram que cotistas têm mais dificuldade em aprender. O CR geral dos alunos que cursaram Ensino Médio em escolas públicas fica em 1,99, enquanto que a nota dos jovens formados nas escolas particulares é 2,11. A disparidade, no entanto, não interfere na média geral da universidade.

A instituição federal foi pioneira no País em praticar a reserva de vagas desde seu primeiro vestibular, em 2006. Em outubro, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei de Cotas, por meio da qual todas as instituições federais de Ensino Superior devem adotar o esquema.

Na UFABC, o ingresso de 1.900 estudantes é feito pelo SiSU (Sistema de Seleção Unificada), que utiliza apenas as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como critério de seleção. A universidade tem hoje cerca de 7.200 estudantes, sendo 3.300 cotistas.

A análise do desempenho destaca ainda que o desnível dos alunos, em razão da debilitada formação básica, é evidenciado no ingresso à universidade a partir da comparação das notas do Enem. Estudantes cotistas apresentam notas 4% menores do que não cotistas. No SiSU de 2012, por exemplo, aqueles que tiveram benefício do sistema de cotas apresentaram nota média de 662 pontos, contra 691 dos jovens formados em escolas privadas.

Para o pró-reitor de Graduação da UFABC, Derval dos Santos Rosa, os dados mostram que o sistema de cotas é a melhor proposta para a inserção dos jovens que cursaram Ensino Médio em instituições públicas de Ensino Superior. "Nossos cursos continuam sendo reconhecidos e figuram entre os mais conceituados do País."

Passado o vestibular, é preciso que a instituição adote práticas que garantam a permanência do aluno, avalia o pró-reitor. Além de ações de inserção e acolhimento, o projeto pedagógico precisa ser adaptado - o estudante tem flexibilidade para escolher o número de matérias que deseja cursar.

Dedicação é segredo para o sucesso

O rendimento acadêmico ligeiramente inferior por parte dos alunos cotistas mostra que os dois grupos de estudantes não encontram as mesmas dificuldades ao longo da vida acadêmica. Pelo lado dos oriundos de escolas públicas, há necessidade de dedicação em dobro ou triplo aos livros para alcançar CR (Coeficiente de Rendimento) satisfatório.

"Tive que estudar o triplo dos meus colegas que vieram de escola particular para ter boas notas no primeiro ano", conta Thabata Pinho Müller, 20 anos, aluna do curso de BC&T (Bacharelado em Ciências e Tecnologia) e cotista no campus Santo André.

Natural de Americana, no interior do Estado, a jovem diz que a adaptação quanto ao ritmo de estudos levou cerca de um ano. "Além de não ter aprendido alguns conteúdos no ensino público, é difícil tirar notas baixas e não desanimar", destaca. Para manter o CR acima de 2 é preciso de, no mínimo, oito horas de estudo diário.

A ideia de Thabata é se formar em, no máximo seis anos, e para isso recebe ajuda dos pais. "O combinado é que me esforço aqui e eles lá para que eu não precise trabalhar", comenta.

Basta olhar para o lado para se deparar com pessoas que acabam desistindo do curso, comenta a estudante de BC&H (Bacharelado em Ciências e Humanidades) do campus São Bernardo Natasha Almeida Macedo, 18. "Na minha sala muita gente trancou a matrícula no primeiro ano". Para quem trabalha, a dificuldade é pior. Segundo ela, a maior parte do processo de aprendizado não é feita em sala de aula. "O professor está lá para complementar e debater os temas, mas é preciso preparação da aula antes e rotina de estudos em casa", observa.

Defensora do sistema de cotas, Natasha explica que a área de exatas é a principal dificuldade daqueles que estudaram na rede pública. "Infelizmente não tivemos essa base, então precisamos recuperar nos esforçando mais", completa.

Cotistas são minoria entre estudantes que concluem graduação

Beneficiados com metade das vagas destinadas aos ingressos no vestibular da UFABC, estudantes cotistas representam minoria entre os formados. Levantamento da instituição mostra que o número de alunos oriundos de escolas públicas que concluíram o Ensino Superior até 2012 é 34% menor do que o de jovens que cursaram o Ensino Médio na rede privada. Dos 734 estudantes formados até o ano passado, 292 são cotistas e 442 não.

Para o professor do curso de Políticas Públicas da UFABC, cotistas levam mais tempo para concluir a graduação porque, além de enfrentarem mais dificuldades, muitos precisam trabalhar e, com isso, diminuir o número de matérias cursadas por quadrimestre. "Ainda consideramos cedo para fazer essa análise porque os jovens têm até sete anos para terminar o curso e a universidade tem apenas seis anos", pondera.

O tempo que levarão para se formar não é a principal preocupação dos alunos. Pelo contrário. Para eles o que vale é ter a certeza de que estão preparados, comenta o estudante cotista de BC&T Ivan Makino, 21 anos. "Lógico que pretendo me formar em até seis anos, mas não adianta acelerar o tempo da graduação e perder em aprendizado", destaca. Apesar de ainda não precisar trabalhar, o jovem reafirma a vontade de ingressar em estágio no próximo ano.